Líderes mundiais se reúnem para frear ‘saque’ dos oceanos; Brasil conecta pauta à COP30

Com um alerta contundente de que os oceanos globais estão sendo “saqueados”, o secretário-geral da ONU, António Guterres, abriu a 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3) em Nice, França. Diante de representantes de mais de 120 países, Guterres anunciou para a supervisão acelerada dos ecossistemas marinhos, citando a morte de corais e o distúrbio de estoques pesqueiros como evidências de uma crise iminente.
O evento, que conta com mais de 50 chefes de Estado, incluindo os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Emmanuel Macron, busca substituir a lógica da exploração por uma de proteção e gestão sustentável. Macron ecoou o tom de urgência, afirmando que “se a Terra está esquentando, o oceano está fervendo”.
Brasil protagonista e ponte para a COP30
O presidente Lula posicionou o Brasil como um ator central no debate, anunciando que o país ratificará em 2025 o Tratado de Alto Mar, um acordo crucial para a gestão da biodiversidade em águas internacionais.
De forma estratégica, Lula estabeleceu uma conexão direta entre o evento em Nice e a Conferência do Clima (COP30), que será sediada em Belém (PA) em novembro de 2025. “A conservação do oceano será um dos eixos centrais da nossa agenda na COP”, declarou, ressaltando que o espaço marítimo brasileiro, com 5,7 milhões de km², é uma “Amazônia Azul”.
Metas e compromissos na mesa
A conferência de cinco dias tem objetivos claros: acelerar as 60 ratificações necessárias para que o Tratado de Alto Mar entre em vigor, promover a pesca sustentável e contribuir para a descarbonização do transporte marítimo. Além disso, discute-se a criação de mecanismos financeiros inovadores, como os “títulos azuis”.
Um dos pontos de tensão é a proposta de uma moratória sobre a mineração em alto-mar, defendida pela Costa Rica e por outros 32 países, até que seus impactos sejam cientificamente compreendidos. O presidente costarriquenho, Rodrigo Chaves Robles, foi enfático ao dizer que os oceanos não podem mais ser tratados como “depósito de lixo global”.